
Certa vez, entrou em seu coração alguém que ele jamais esperaria. Pensou: "Que ironia!" Tantas vezes querendo tanto que as pessoas me coubessem, e então assim, sem nem querer, elas me cabem, e ficou sem saber bem o que pensar e o que sentir, era ainda tão tão novo pra que ele pudesse sentir alguma coisa. Passou alguns dias com o coração-de-alfinete apertadinho, ocupado em todos os cantos, tendo de abrir a janela pra que seu hóspede pudesse respirar. Ele não queria sufocá-lo, mas era tudo tão pequeno naquela salinha de estar que, tendo o hóspede entrado, tiveram de sair os móveis, as flores, as almofadas, e olhava de longe, porque afinal quem é que mexe a fundo no seu próprio coração? Foi quando o hóspede dele sufocou, não podia nem ao menos movimentar pela sala. Ficou triste, definhou, e de definhado que estava, escapou pela porta, em uma pequena agonia daquelas que coçam a garganta daquele jeito ruim de se coçar.
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