Sempre acreditei que se alguém quisesse parar de fumar, bastava querer. Para mim, a força de vontade conseguia ser maior que o vício e o que faltava em quem não conseguia largar o cigarro era querer de verdade se ver livre daquilo.
Desde que me entendo por gente bebo mais Coca-Cola do que água. Havia me tornado um cocólatra, um viciado logo nos primeiros anos de minha pré-adolescencia - aos 10 anos + ou -. Apesar do termo pesado - viciado - nunca vi nada de ruim nesse hábito mas que junto de uma má alimentação formava meu cardápio diário. Havia também o problema da descalcificação nos ossos que a Coca resulta, mas acreditava que a quantidade de Nescau que eu tomava era o suficiente para balancear isso.
O único problema real eram os gastos. Coca é a bebida com o preço mais volátil que existe. Você pode encontrá-la por menos de um real no supermercado, mas paga R$ 4,00 em algum vendedor ambulante durante um show. Como eu só bebia socialmente - refeições e quando saía com amigos - não sentia tanto no bolso, mas após brigar com o pessoal que entrega água na minha casa, fiquei um mês bebendo apenas o líquido preto da felicidade. Fui feliz por 30 dias e, quando fui ver minhas finanças, estava quebrado. Como por intervenção divina, cheguei na casa do Luiz , outro viciado que me propôs: "Rapaz, vamos ficar 40 dias sem tomar Coca? Tipo desintoxicação. Topa?". Na hora a proposta parecia bacana, afinal, como eu sempre acreditei, para largar o vício bastava querer e eu me julguei capaz. Então Luiz, arthur e eu, os maiores viciados em Coca-Cola do Brasil, decidimos ficar sem beber nenhum tipo de refrigerante.
Foi a coisa mais masoquista que eu fiz na minha vida desde que eu tinha 10 anos e deixava abelhas me ferrarem nos dedos; nunca pensei que seria tão duro sobreviver sem Coca. Para os outros talvez esteja sendo mais fácil, já que bebem outras coisas, como chá, H2O e outras porcarias que nunca olhávamos até semana passada. Já tentei tomar essas coisas alternativas, mas nada me agradou. A única coisa que consigo beber é suco. O problema é que eu nunca acho essa mérda gelada e, quando encontro, custa quase cincão.
E foi nessa batalha por um suco gelado e barato que comecei a quaresma de Coca. Meus amigos pediram para eu encontrá-los na Praça e, enquanto os esperava, decidi comer algo. Fiquei 40 minutos andando por entre todas as gôndolas e não achei uma bosta de suco gelado. Nada. Só Coca.
Ali estava ela. Dois litros de pura beleza e tentação, suadinha pra mim. A tentação era forte. Tão forte quanto minha fome e ainda mais que a minha sede. A tia do lanche abriu o Isopor com os liquidos gasosos e segurou a garrafa. Sensualmente gelada. Eu estava sozinho, poderia tomá-la e ninguém saberia. Poderia dizer que continuava com minha abstinência e todos ficariam felizes.
Era isso que dizia o diabinho em meu ombro, mas o anjo do outro lado me alertava. Se eu fizesse aquilo, eu teria de ficar com a mancha negra - tão negra quanto aquela bebida que eu desejava - do pecado em minha consciência. Lembrei-me de um pastor louco que se vê gritando no meio da rua nos alertando sobre o fim dos tempos, que dizia que o pecado anda lado a lado com o prazer para o Inferno. Aquilo não tinha nada a ver com a situação, mas serviu para desviar a atenção do hipnótico canto da serei Coca-Cola. Disse não a tia e ela imediatamente pôs a Morena Sensual de volta no Isopor, saí da Praça sem comer e beber nada.
Cheguei em casa quatro horas depois e comi um cachorro-quente com água. Foi quando vi o quão duro seriam os próximos 39 dias.
Desde que me entendo por gente bebo mais Coca-Cola do que água. Havia me tornado um cocólatra, um viciado logo nos primeiros anos de minha pré-adolescencia - aos 10 anos + ou -. Apesar do termo pesado - viciado - nunca vi nada de ruim nesse hábito mas que junto de uma má alimentação formava meu cardápio diário. Havia também o problema da descalcificação nos ossos que a Coca resulta, mas acreditava que a quantidade de Nescau que eu tomava era o suficiente para balancear isso.
O único problema real eram os gastos. Coca é a bebida com o preço mais volátil que existe. Você pode encontrá-la por menos de um real no supermercado, mas paga R$ 4,00 em algum vendedor ambulante durante um show. Como eu só bebia socialmente - refeições e quando saía com amigos - não sentia tanto no bolso, mas após brigar com o pessoal que entrega água na minha casa, fiquei um mês bebendo apenas o líquido preto da felicidade. Fui feliz por 30 dias e, quando fui ver minhas finanças, estava quebrado. Como por intervenção divina, cheguei na casa do Luiz , outro viciado que me propôs: "Rapaz, vamos ficar 40 dias sem tomar Coca? Tipo desintoxicação. Topa?". Na hora a proposta parecia bacana, afinal, como eu sempre acreditei, para largar o vício bastava querer e eu me julguei capaz. Então Luiz, arthur e eu, os maiores viciados em Coca-Cola do Brasil, decidimos ficar sem beber nenhum tipo de refrigerante.
Foi a coisa mais masoquista que eu fiz na minha vida desde que eu tinha 10 anos e deixava abelhas me ferrarem nos dedos; nunca pensei que seria tão duro sobreviver sem Coca. Para os outros talvez esteja sendo mais fácil, já que bebem outras coisas, como chá, H2O e outras porcarias que nunca olhávamos até semana passada. Já tentei tomar essas coisas alternativas, mas nada me agradou. A única coisa que consigo beber é suco. O problema é que eu nunca acho essa mérda gelada e, quando encontro, custa quase cincão.
E foi nessa batalha por um suco gelado e barato que comecei a quaresma de Coca. Meus amigos pediram para eu encontrá-los na Praça e, enquanto os esperava, decidi comer algo. Fiquei 40 minutos andando por entre todas as gôndolas e não achei uma bosta de suco gelado. Nada. Só Coca.
Ali estava ela. Dois litros de pura beleza e tentação, suadinha pra mim. A tentação era forte. Tão forte quanto minha fome e ainda mais que a minha sede. A tia do lanche abriu o Isopor com os liquidos gasosos e segurou a garrafa. Sensualmente gelada. Eu estava sozinho, poderia tomá-la e ninguém saberia. Poderia dizer que continuava com minha abstinência e todos ficariam felizes.
Era isso que dizia o diabinho em meu ombro, mas o anjo do outro lado me alertava. Se eu fizesse aquilo, eu teria de ficar com a mancha negra - tão negra quanto aquela bebida que eu desejava - do pecado em minha consciência. Lembrei-me de um pastor louco que se vê gritando no meio da rua nos alertando sobre o fim dos tempos, que dizia que o pecado anda lado a lado com o prazer para o Inferno. Aquilo não tinha nada a ver com a situação, mas serviu para desviar a atenção do hipnótico canto da serei Coca-Cola. Disse não a tia e ela imediatamente pôs a Morena Sensual de volta no Isopor, saí da Praça sem comer e beber nada.
Cheguei em casa quatro horas depois e comi um cachorro-quente com água. Foi quando vi o quão duro seriam os próximos 39 dias.
Aucun commentaire:
Enregistrer un commentaire